sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Planeje hoje para inovar amanhã

Jeff Hutchinson, CIO do Groupe Danone para a América do Norte e membro do CIO Executive Council, ensina que dar um passo para trás e pensar no futuro é o melhor começo para a inovação.

Todos nós temos a tendência a nos concentrarmos exclusivamente no que estamos fazendo agora, em vez de dar um passo atrás e perguntar: no que precisamos focar hoje visando o futuro? Dar este passo atrás é, na verdade, dar um passo rumo à inovação e para longe da estagnação.

Talvez você não precise estar na vanguarda total e talvez não possua os recursos para investir em múltiplas áreas de tecnologia. Ainda assim, você precisa fazer a si mesmo a seguinte pergunta: o que precisamos enfocar para garantir a presteza futura da nossa própria organização de SI/TI e capacitar as empresas que suportamos a seguir em frente?

Na DAN’IS North America, equipe norte-americana de SI/TI do Groupe Danone, há equipes de Soluções de Negócio e Tecnologia de Infra-Estrutura que se dedicam a manter, aprimorar e gerenciar soluções. Elas lidam com os procedimentos diários que garantem o sucesso de SI/TI e do negócio, além de assegurar que temos o equilíbrio certo de investimentos. Mas quem ocupa postos de liderança em tecnologia também tem a responsabilidade de levar em conta de que maneira o negócio usará a tecnologia no futuro.

Faço parte da geração que se lembra da vida antes da internet e prefere não abandonar o e-mail e voltar para a correspondência convencional. Mas a geração que hoje deixa os bancos escolares e ingressa na força de trabalho vai além do e-mail e adota a presença online (isto é, mensagem instantânea e de texto, salas de chat e wikis). Estes indivíduos não querem ser prisioneiros do e-mail e utilizam ferramentas de rede social.

Eles vão mudar o modo como fazemos negócio e temos que estar preparados. Precisaremos de novas habilidades e ferramentas para nos ajudar a inovar e continuar importantes na comunidade global.

Planejando hoje para as mudanças de amanhã

A DAN’IS North America preparou-se para esta mudança montando uma equipe dedicada, batizada de I&I (Informação e Inovação). É uma equipe pequena encarregada de examinar ferramentas e tecnologias emergentes e descobrir maneiras de incorporá-las ao modo como o negócio opera. I&I não se limita a avaliar as idéias emergentes no ambiente acadêmico ou as tecnologias que saem dos laboratórios de pesquisa. Eles também observam o que está começando a chegar ao local de trabalho, tecnologias que não encarávamos como ferramentas – por exemplo, Facebook e Second Life. Eles examinam tecnologias e ferramentas líderes em função da capacidade de aumentar o market share, gerar vendas e aumentar a eficiência operacional interna e dos funcionários.

Não é nenhum bicho-de-sete-cabeças. Aprimorar estas áreas é a meta de toda empresa. Ainda assim, com freqüência cada vez maior, as soluções são focadas no presente. Criamos a equipe I&I para olhar adiante.

Um aspecto no qual minha equipe teve grande impacto foi melhorar as soluções de videoconferência norte-americanas do Groupe Danone a ponto de as pessoas quererem usá-las. A maioria das pessoas não gosta da videoconferência tradicional porque ela é não só difícil de configurar, mas também cara, dada a necessidade de utilizar operadoras externas. Entretanto, no início deste ano, a área de negócio nos procurou para ter uma idéia de como poderia reduzir as viagens nas Américas e internacionais (a sede do Groupe Danone fica na França). Começamos com a pergunta: “Será que podemos reintroduzir o conceito de videoconferência?” Oferecemos uma solução de vídeo que é baseada nas redes dedicadas já existentes nas nossas instalações e custa milhares de dólares, mas se paga com apenas duas reuniões de quatro pessoas. Além disso, suporta nossas metas de sustentabilidade/responsabilidade social.

Também observamos como poderíamos usar webcams para que a videoconferência fosse realizada de uma workstation para outra e até entre múltiplas workstations, o que chamamos de efeito “Brady Bunch” (“Família Sol, Lá, Si, Dó”). O sucesso da solução fez os funcionários pedirem este recurso quando estão distantes, seja em um quatro de hotel ou em campo.

O que vislumbramos no horizonte é todo o conceito de web móvel e visão móvel. Os telefones e dispositivos handheld de última geração disponíveis hoje na Ásia já suportam isso. Também faz parte deste futuro a comunicação unificada – ou seja, chamadas e videoconferências podem ser transferidas “sem costura” de um telefone corporativo para um telefone celular ou uma linha fixa residencial.

Até que ponto olhar adiante?

Habilitada por nossa equipe de Tecnologia de Infra-estrutura, I&I tem a responsabilidade de ficar de olho no futuro. Também precisa fazer parceria com a equipe de Soluções de Negócio, que possui o melhor entendimento dos requisitos do negócio e pode ajudar a garantir que I&I realmente suporte tanto os investimentos atuais quanto as iniciativas norte-americanas (e globais) do Groupe Danone.

Todo CIO tem que considerar até que ponto é preciso olhar adiante. Claramente, depende do papel que SI/TI desempenha no seu negócio. Na indústria de alimentos, você pode ficar em desvantagem competitiva se SI/TI não estiver na vanguarda. Porém, SI/TI não mudará da noite para o dia o modo como a companhia faz negócio. Da nossa perspectiva, inovação é examinar e entender quais capacidades existentes no mercado nós não estamos usufruindo plenamente e adotá-las para melhorar nosso modo de fazer negócio hoje.

Também é importante conscientizar-se de que nem tudo que você tentar dará certo. Essa é a parte difícil. As pessoas presumem que tudo vai funcionar só porque estão investindo dinheiro.

Quando ingressei no Groupe Danone, eu e a equipe levamos um bom tempo para fazer a liderança entender a mudança que estávamos empreendendo. Agora tudo que I&I faz passa por pilotos incrementais antes de se expandir e estamos buscando uma abordagem mais “Ágil”. Tentamos proporcionar alguns quick wins (ganhos rápidos) resolvendo determinados requisitos e problemas iniciais que nos fizeram examinar uma nova tecnologia, ao mesmo tempo tendo em mente o resultado final. Mas não sabemos de fato qual será este resultado final enquanto não colocarmos a mão na massa.

Não perca o foco

O que você precisa perceber – e transmitir aos executivos da companhia e à sua equipe de SI/TI – é que não basta investir em novas tecnologias. A chave para a inovação é fornecer soluções para o negócio. Gostamos de tecnologia e é muito bom brincar com a última novidade em videocam, mas a meta é tornar o negócio mais eficiente.

Portanto, comece pequeno e convença seus executivos que iniciar a inovação em uma área pode beneficiar todas as áreas. Iniciativas específicas para uma unidade de negócio podem se expandir para outras.

Depois que fornecermos soluções práticas, o negócio disponibilizou fundos adicionais porque viu os benefícios. Eles perceberam o que nosso foco em inovação tem a oferecer e como possibilitará que continuem a crescer.

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