sexta-feira, 13 de novembro de 2009

A inovação reinventada

Por Carlos Alberto Júlio

A avalanche de produtos e serviços criados pelas empresas nos últimos 50 anos tem tornado cada vez mais difícil garantir um lugar “confortável” no coração e na mente dos consumidores. Como resultado, o mundo dos negócios passa a ser caracterizado por mercados que se transformam a uma velocidade incrível, com ciclo de produtos menores e consumidores cada vez mais exigentes.

Diante desse cenário, você deve estar se perguntando se existe uma saída para obter sucesso de um produto ou de um serviço, do posicionamento de uma empresa e da consolidação de uma marca nos dias atuais. Incorporar uma estratégia clara de inovação pode ser a resposta para evitar a criação de produtos falidos antes mesmo de seu lançamento no mercado.

Mas o que significa “incorporar” uma estratégia de inovação?

Não se iluda pensando que ser inovador é sinônimo de contratar profissionais brilhantes e criativos que “sonham” com novas idéias ou criam produtos mirabolantes. Não é isso. É, antes de tudo, reconhecer as oportunidades à medida que surgem, principalmente em época de mercados tão mutantes. Ao considerarmos que a inovação é o sangue da empresa gerador de novas receitas, precisamos, sobretudo orientá-la ao mercado.

O segundo passo é identificar qual tipo de inovação é mais adequado para os seus negócios. Inovação conceitual? Relativa? Básica?

A conceitual consiste em inovar no modelo de negócio, criando produtos ou serviços com novo conceito, nova proposta de valor. Normalmente, são modelos de negócio revolucionários, que representam uma mudança de paradigma. Já a inovação relativa é a que se baseia em produtos e serviços existentes, mas com foco em outros mercados. Na básica, são feitas apenas pequenas alterações no produto ou serviço.

Sem sombra de dúvidas, a inovação conceitual é a mais complexa, pois implica a criação de capacitações, relacionamentos e canais novos. Entretanto, é a que gera maiores retornos de longo prazo, embora o risco percebido também seja maior. Mas, lembre-se: inovar também significa ser capaz de gerenciar os riscos.

O próximo passo é assegurar que uma idéia inovadora tenha sucesso no mercado a partir de uma implementação igualmente inovadora. E, por fim, gerenciar o equilíbrio da inovação. Como? Combinando a inovação conceitual às inovações básica e relativa, pois geram altos retornos de curto prazo. Mas faça-o moderadamente, pois ambas produzem uma saturação dos mercados.

Decerto também é fundamental diferenciar o ”ser criativo naquilo que se sabe fazer” e o “ser criativo em produtos em que a concorrência é melhor”, ou seja, saber discernir jóias conceituais de idéias meramente diferentes.

Ao reinventar a inovação, você perceberá que é possível passar à frente de empresas líderes de mercado, mesmo que munido de soluções tecnologicamente simples. Novos concorrentes podem ser bem sucedidos, se ofertarem soluções convenientes, simples e de baixo custo, que sejam bem-vindas pelos clientes que os atuais concorrentes não atendem ou não querem atender. Isso porque as líderes tendem a ter sucesso, quando concorrem no campo das inovações sustentáveis, ou seja, oferecendo soluções melhores a seus principais clientes.

As empresas que reinventam a inovação atuam, normalmente, no campo da chamada inovação disruptiva. Elas têm maior potencial de provocar mudanças substanciais em determinado setor de atividade, segundo a teoria lançada por Clayton Christensen. Esse processo inclui apresentar o produto ou serviço inovador a dois grupos de clientes: aqueles “superados” pela oferta e os não-consumidores. Os clientes saturados são aqueles que adquirem produtos com mais recursos do que efetivamente necessitam e, na maioria das vezes, consideram o produto complexo demais, além de muito caro, mas compram porque não têm outra opção. Por isso, recorrer a soluções menos sofisticadas (ou disruptivas), mas que garantam um desempenho suficientemente bom, e a preços mais baixos, é uma das formas de reinventar a inovação e ganhar mercado.

Carlos Alberto Júlio, apontado pela Revista Veja como um dos melhores palestrantes do Brasil, é o atual presidente da HSM do Brasil.

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