sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Inovação: a nova onda da terceirização na Índia


Por Chris Murphy/InformationWeek EUA

A indústria de TI da Índia quer se tornar conhecida, principalmente, pela inovação, e não por causa dos baixos custos. O desafio é enorme.

Gail Farnsley tem convicção de que melhores ferramentas de colaboração online ajudarão a Cummins a construir motores de caminhão de melhor qualidade. Mas como esse tipo de convicção não gera ROI (retorno de investimento), esta diretora de TI não está tentando a liberação de um grande orçamento para implementar tais soluções.

Em vez disso, ela está conversando com os parceiros de terceirização de TI, na Índia, incluindo IBM, Tata Consultancy Services, e sua própria joint venture de TI, a KPIT Cummins, sobre o que estão fazendo nesta área. Elas têm ferramentas de colaboração que esperam vender para outras companhias e, nesse caso, a Cummins poderia fazer testes por um custo mínimo, ou mesmo sem nenhum custo?

Esta é a próxima fronteira da terceirização para outros países – a inovação e as novas tecnologias. Dizer que se pode reduzir alguns custos remetendo trabalho na área de TI para a Índia? Isso não é novidade. Equipes de TI de alto nível estão utilizando relações que diminuem custos, construídas nos últimos anos, para dar o próximo passo e aproveitar o potencial da terceirização para fazer com que suas companhias tenham melhor desempenho. Podemos chamar isso de inovação da terceirização.

É fácil dizer isso, mas não se engane: é extremamente difícil, até mesmo para os experientes compradores de serviços de terceirização, conseguir idéias inovadoras de seus provedores de serviços de TI. “Como clientes, nós somos os culpados”, declara Ajit Naidu, diretor administrativo da Merrill Lynch, encarregado do setor de tecnologia para mercados e serviços de participação global, ao falar na conferência denominada Nasscom, realizada no mês passado, em Mumbai, na Índia. “Não proporcionamos uma exposição suficiente do ‘grande quadro’. Realizamos projetos ‘aos pedaços’. Não possibilitamos um conhecimento suficiente do problema corporativo como um todo”.

Mas os terceirizadores não estão isentos de culpa, porque eles não estão cumprindo sua parte no que se refere à inovação. Em estudo da InformationWeek EUA, realizado com 430 profissionais de TI que trabalham com provedores de serviço de TI indianos, somente 10% mencionaram o fator “idéias inovadoras” como um dos benefícios mais importantes que poderia incentivá-los a utilizar esses serviços novamente; 72% deles citaram menores custos.

Os terceirizadores indianos não estão preparados – nem cultural nem estruturalmente – para proporcionar inovação. Culturalmente, os serviços de TI na Índia se desenvolveram pelo fornecimento daquilo que os clientes pedem, e não dizendo aos clientes que existe uma alternativa melhor para se fazer determinada coisa. E estruturalmente, com uma elevada rotatividade de funcionários e uma constante necessidade de promover as pessoas, os profissionais de linha de frente, nas companhias de TI da Índia, geralmente não têm o conhecimento corporativo necessário para impor uma agenda de inovação.

As companhias de TI indianas estão dando alguns passos promissores no sentido de oferecer maior inovação, e um fator que tem a mesma importância, os compradores estão começando a exigir isso. Mais companhias estão associando a idéia de pagar por serviços de terceirização para atingir seus objetivos corporativos, e mais empresas estão trabalhando conjuntamente em projetos.

“Percebo uma vontade muito maior de todos os meus parceiros, no sentido de fazerem investimentos em conjunto”, comenta Farnsley, que, depois de cinco anos no cargo de diretora de TI da Cummins, este mês, está saindo da empresa para criar um instituto de pesquisas de TI, na Purdue University. Por exemplo, se a Cummins quiser colocar uma nova tecnologia em uso, em seu ambiente, e a KPIT Cummins considerar essa tecnologia uma oportunidade de crescimento, elas dividirão os custos de treinar o pessoal da KPIT.

Os profissionais internos de TI da Cummins são bons em identificar problemas e áreas a serem aperfeiçoadas, e em “apresentá-los” para os responsáveis pelas decisões, esclarece Farnsley. Atualmente, a empresa está exigindo mais de seus provedores de serviços. Farnsley explica a situação dessa maneira: “Uma de suas responsabilidades é assegurar que não estou parecendo estúpida”.

Se lembra de todas as duras críticas que as companhias receberam quando começaram a “corrida” para terceirizar o trabalho de TI, no início desta década, e perceberam que as supostas economias haviam diminuído, porque seus profissionais não tinham a capacidade de gerenciar projetos fora do país? E quando se trata de inovação, a situação somente fica mais difícil. Robert Willett, diretor de TI da Best Buy e diretor-executivo de seu grupo internacional, sabe que ele e sua equipe precisam lidar melhor com a aceitação das idéias dos seus parceiros. “Ainda estamos tentando resolver isso”, observou Willett. “Precisamos nos dedicar mais a receber do que a transmitir”.

Geralmente, os terceirizadores procuram conhecer um processo ou tecnologia melhor do que os profissionais de qualquer outra área, e os aprimoramentos precisam surgir a partir dessas interações ocorridas no dia-a-dia. “Não posso pagar ninguém por ser inovador, como se isso fosse um trabalho” afirmou Suren Gupta, da divisão de empréstimos da Wells Fargo.

A inovação a partir da terceirização pode ser o novo “Cálice Sagrado”, mas ainda está fora do alcance para a maioria das companhias. Somente 12% dos clientes dos provedores de serviços de TI indianos disseram que seu “fornecimento de idéias inovadoras” melhorou muito nos últimos dois anos. E 31% comentaram que essa condição tem ficado muito pior.

As evidências sugerem que a inovação a partir da terceirização é uma tarefa difícil. O que significa que os diretores de TI que conseguirem realizar isso corretamente poderão dar a suas companhias uma vantagem competitiva difícil de ser equiparada.

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