sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Investir em TI eleva produção, diz IPEA


Por Guilherme Barros

Um estudo inédito do IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) mostra que as empresas que investem em tecnologia da informação (TI) são 13,24% mais produtivas.

É a primeira vez que um instituto de pesquisa mostra, por meio de pesquisa em campo, o impacto positivo das máquinas no processo produtivo.

“Antes não existiam dados precisos para comprovar essa tese”, afirma o economista Marco Aurélio Alves, autor do estudo que será publicado nos próximos meses.

De acordo com Alves, até a década de 1980, os estudiosos acreditavam que a tecnologia não surtia efeito na economia. Depois, essa tese foi revista.

“Era um contra-senso”, afirma Alves. “Tínhamos certeza de que a tecnologia abreviava o tempo de produção e distribuição das mercadorias, mas não dava para obter uma média nacional.”

Essa contradição -conhecida como o paradoxo da produtividade- caiu por terra a partir de meados da década de 1990 com o crescimento da base instalada de computadores.

A Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) -que representa as maiores indústrias do país- divulgou recentemente seu primeiro relatório sobre o assunto.

De acordo com José Ricardo Roriz, diretor do Departamento de Computação e Tecnologia da Fiesp, as indústrias que destinaram recursos para TI estão faturando, em média, 20% mais do que aquelas que não aplicam no setor.

Aos poucos, pequenas e médias empresas também começam a fazer parte do time que busca ganhos de produtividade -um dos principais indicadores para fazer a avaliação do desempenho de uma companhia.

Quanto maior a produtividade, melhor. Afinal, isso significa que os funcionários estão produzindo mais durante a mesma jornada de trabalho.

A pesquisa do Ipea acompanhou o desempenho de 26.776 indústrias de transformação entre 2001 e 2003.

Entre as firmas de grande porte, 16% usam TI, índice que cai para 10% e 4% entre as médias e pequenas empresas, respectivamente.

De acordo com o estudo, nas empresas com TI, cada trabalhador gerou, em média, R$ 58.900 por ano, no período considerado. Nas firmas sem TI, essa média foi de R$ 28.000.

Segundo Robert Atkinson, presidente do ITIF (Information Technology and Innovation Foundation), nos Estados Unidos, cerca de 78% dos ganhos de produtividade se devem aos investimentos em TI. Na China, esse índice corresponde a 38%.

Um estudo feito com trabalhadores do Reino Unido revela que um aumento de 10% do número de funcionários usando computador para exercer suas funções gera ganhos de até 4,4% na produtividade.

Para o trabalhador, a tecnologia também pode melhorar seu padrão de vida. É o que revela o cálculo do economista americano Glen Hubbard.

De acordo com Hubbard, cada 0,2 ponto percentual de aumento na produtividade por década equivaleria a um aumento de US$ 1.000 na renda de cada cidadão.

Segundo Atkinson, existem chances de que esse cenário se confirme. Entre 1998 e 2001, as empresas que usaram internet para fazer negócios reduziram seus custos em US$ 155 milhões.

Esse número deve saltar para US$ 528 em 2010, gerando 0,43 ponto percentual de ganho de produtividade.

“Esse grau de eficiência que se atinge em economias com alto grau de difusão dos computadores é elevado”, afirma Alves, do Ipea.

Para ele, o Brasil está longe desse patamar porque as pequenas e médias empresas ainda encontram dificuldades de acesso à tecnologia.

Nenhum comentário:

Postar um comentário