Por Guilherme Barros
Um estudo inédito do IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) mostra que as empresas que investem em tecnologia da informação (TI) são 13,24% mais produtivas.
É a primeira vez que um instituto de pesquisa mostra, por meio de pesquisa em campo, o impacto positivo das máquinas no processo produtivo.
“Antes não existiam dados precisos para comprovar essa tese”, afirma o economista Marco Aurélio Alves, autor do estudo que será publicado nos próximos meses.
De acordo com Alves, até a década de 1980, os estudiosos acreditavam que a tecnologia não surtia efeito na economia. Depois, essa tese foi revista.
“Era um contra-senso”, afirma Alves. “Tínhamos certeza de que a tecnologia abreviava o tempo de produção e distribuição das mercadorias, mas não dava para obter uma média nacional.”
Essa contradição -conhecida como o paradoxo da produtividade- caiu por terra a partir de meados da década de 1990 com o crescimento da base instalada de computadores.
A Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) -que representa as maiores indústrias do país- divulgou recentemente seu primeiro relatório sobre o assunto.
De acordo com José Ricardo Roriz, diretor do Departamento de Computação e Tecnologia da Fiesp, as indústrias que destinaram recursos para TI estão faturando, em média, 20% mais do que aquelas que não aplicam no setor.
Aos poucos, pequenas e médias empresas também começam a fazer parte do time que busca ganhos de produtividade -um dos principais indicadores para fazer a avaliação do desempenho de uma companhia.
Quanto maior a produtividade, melhor. Afinal, isso significa que os funcionários estão produzindo mais durante a mesma jornada de trabalho.
A pesquisa do Ipea acompanhou o desempenho de 26.776 indústrias de transformação entre 2001 e 2003.
Entre as firmas de grande porte, 16% usam TI, índice que cai para 10% e 4% entre as médias e pequenas empresas, respectivamente.
De acordo com o estudo, nas empresas com TI, cada trabalhador gerou, em média, R$ 58.900 por ano, no período considerado. Nas firmas sem TI, essa média foi de R$ 28.000.
Segundo Robert Atkinson, presidente do ITIF (Information Technology and Innovation Foundation), nos Estados Unidos, cerca de 78% dos ganhos de produtividade se devem aos investimentos em TI. Na China, esse índice corresponde a 38%.
Um estudo feito com trabalhadores do Reino Unido revela que um aumento de 10% do número de funcionários usando computador para exercer suas funções gera ganhos de até 4,4% na produtividade.
Para o trabalhador, a tecnologia também pode melhorar seu padrão de vida. É o que revela o cálculo do economista americano Glen Hubbard.
De acordo com Hubbard, cada 0,2 ponto percentual de aumento na produtividade por década equivaleria a um aumento de US$ 1.000 na renda de cada cidadão.
Segundo Atkinson, existem chances de que esse cenário se confirme. Entre 1998 e 2001, as empresas que usaram internet para fazer negócios reduziram seus custos em US$ 155 milhões.
Esse número deve saltar para US$ 528 em 2010, gerando 0,43 ponto percentual de ganho de produtividade.
“Esse grau de eficiência que se atinge em economias com alto grau de difusão dos computadores é elevado”, afirma Alves, do Ipea.
Para ele, o Brasil está longe desse patamar porque as pequenas e médias empresas ainda encontram dificuldades de acesso à tecnologia.
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